Capítulo 11


ㅤㅤㅤㅤOs raios solares atravessaram o vidro da janela do pequeno quarto de Connor, batendo em sua faceta, acordando-o. Instintivamente, olhou o relógio que jazia na cômoda ao lado de sua cama. Tivera dormido até as dez da manhã. Levantou-se, sentando então no criado-mudo da cama. Pôs-se de pé, e seguiu na direção do pequeno banheiro existente naquele quarto. Ligou a torneira, lavando seu rosto com a água gélida. Sorriu. Direcionou-se para o armário, abrindo sua porta. Sacou de lá algumas bolsas, abrindo-as. Pegou algumas mudas de roupas e novamente adentrou no banheiro. Vestia agora um jeans preto com uma camisa branca, um tanto que justa, o que deixava seu corpo definido amostra, e um par de tênis preto com alguns detalhes em branco.
ㅤㅤㅤㅤ‘Toc Toc’

ㅤㅤㅤㅤOuviu a porta bater. “Já vamos partir?” Quando abriu a porta, surpreendeu-se.

— Vai querer algo, senhor? — Indagara uma jovem, que carregava consigo, uma espécie de carrinho de mão.

— A única coisa que quero é você, e talvez uma fatia do bolo de baunilha e uma broa de milho. — Respondeu o rapaz, com um sorriso cínico que tivera se desenhado em seus lábios

A mulher sorriu. Sua mão destra passeou pelo peito de Connor. De fato, tinha uma beleza delicada, suas grenhas eram negras, e curtas a altura da bochecha, sua pele era pálida, seus olhos eram castanhos claros, e tinha um corpo de dar inveja a qualquer um. Impulsionou-o levemente.

— Vamos. — Vociferou Alphonse, que tivera chegado sorrateiramente atrás de Connor.

— Eu estou com fome.

— Isto pouco me importa. — Proferiu, colocando sua mão canhota no ombro do mancebo, puxando-o.

A moça por alguma razão esboçou um sorriso para Al, dando uma piscadela com seu olho esquerdo, o que Connor não percebera. Antes que pudesse ficar longe o bastante do carrinho, esticou seu braço, pegando então uma broa de milho e uma lata de Coca-Cola.

— Mas e o... — Antes que pudesse terminar seu dito, Sazael aparecera repentinamente ao lado de Alphonse. Estava trajando uma camiseta preta com mangas longas e uma calça camuflada de tecido pesado. Já o vampiro, trajava um manto negro.

—Zion nos espera? — Indagara Connor, ironizando as vestes do rapaz de pele pálida.

— Iremos para onde a luz solar não se faz presente. — Respondeu, não entendendo o comentário.

Parou em um corredor deserto. Um vórtice negreiro surgiu em meio ao tempo-espaço. Adentrou ao mesmo, convidando seus companheiros a entrarem. Sazael, forçadamente adentrou depós de Connor. O portal fechou-se.

ㅤㅤㅤㅤO sibilar de um pássaro entoou nos ouvidos dos três ali presentes. Alphonse esboçou um sorriso falso, que se desenhou no canto de seus lábios avermelhados. Uma densa mata estendia-se pelo horizonte que parecia ser inacabável. O cheiro de terra molhada, penetrou-lhes as narinas, inflando seus pulmões. O céu estava nublado.

— Que lugar é este? — Perguntou Connor, matando um pernilongo que tivera pousado em seu antebraço.

— Estamos na Floresta amazônica. —Proferiu, voltando a andejar na imensidão verde.

ㅤㅤㅤㅤO céu estava nublado. Um leve sopro do vento sacolejou as grenhas escandinavas de Sazael. Quanto mais se aprofundavam pela mata, menos a luz solar se fazia presente. Ao que tudo indicava estavam sozinhos.

— Estão ouvindo isto? — Perguntou Connor, um tanto que cabulado.

Não obtivera uma resposta, mas de todo modo continuou com a caminhada. OS ruídos de outrora, estavam completamente audíveis. Gritos e o barulho de metal tintilando eram escutados. Chegaram a uma espécie de clarabóia e nela jazia um grande grupo de seres que não conseguia discernir.

— Mais que cheiro de cachorro molhado!

De súbito, a multidão se calou. Uma espécie de híbrido saíra da muralha viva; era a mistura de um homem com um cão.

— Olhe um cãozinho, eu posso ficar com ele? — O tom que Connor assumira, assemelhava-se em muito com o de uma criança de cinco anos, que suplica a seus pais por um mascote.

ㅤㅤㅤㅤO corpo do enorme mestiço transmutou-se. Era agora um rapaz de estatura mediana e um corpo esculpido por músculos, devido às horas de treino.

— O que faz em meus territórios, vampiro? — Indagou com um tom potente e sanguinário.
Todos ali presentes, - cerca de 40 pessoas, - viraram-se e partiram lentamente na direção dos três púberes que se encontravam fora do campo do fulgor da clarabóia.

— Não viemos com o intuito de pelejar, pelo contrário, vim lhe trazer um presente, presente este devo dizer, de um grandioso valor.

— O que me faz crer que não será uma armadilha, vampiro? — Recitou a última palavra, como se fosse uma doença incurável, altamente contagiosa

— Bem, não tenho como provar que de fato não é uma armadilha, porém devo lhe
advertir, que recusar tais documentos, é uma grande inépcia. — Levou sua mão direita até o bolso do manto que sobrepujava seu corpo, retirando de lá dois rolos de pergaminhos. Os olhos do mancebo alcunhado líder daquele bando, postaram-se no documento. Não podia acreditar na imagem que seus olhos enviavam até seu cérebro. A felicidade inundou seu peito, mas fora embora da mesma maneira que veio.

— O que vai pedir em troca do pergaminho, Alphonse?

— Se não sabes, fui traído por meu próprio povo e bem, quero vingar-me deles, porém tudo tem seu tempo; a única coisa que lhe peço, é que espere o momento exato e que se alie a mim, na guerra contra os vampiros, tem minha palavra, que terá um lucro sem igual unindo-se a mim.

— Se quer meu apoio, terá nosso apoio em sua luta Alphonse.

Todos os mancebos que preenchiam aquele pedaço da mata levantaram as lanças que seguravam, e proferiram um grito, que se estendeu até o horizonte. Um sorriso desdenhoso projetou-se em seus lábios vermelhos. Como previu, tudo ocorrera de maneira perfeita. Juntamente a seus companheiros, virou-se.

— Antes que partam, queria dar isto aqui para cada um de vocês, são presas dos anciãos de nosso clã, quando vocês realmente precisarem, seja em qual situação for, elas irão livrar vocês seja de qual perigo for.

— Isto aqui serve para coçar as costas. — Disse Connor, pegando uma das garras de lobo, que estavam envoltas por um barbante confeccionado com pedrinhas e o colocou no braço.

— Creio eu que elas não serão necessárias no momento, mas de toda forma, vos agradeço.

ㅤㅤㅤㅤ Sazael manteve-se calado. Pegou das mãos de um dos híbridos, o mesmo artefato que fora dado a Alphonse e a Connor.
Com um singelo movimentar de mão, Al fizera outro portal surgir, mas desta vez Sazael deteve-se. Seu olhar tivera mudado, sua expressão era outra...

— O que houve? — Perguntara Alphonse, sem se importar muito.

— Não foi nada.

De fato, algo tivera ocorrido, mas decidira por não falar nada, aliás, se contasse a premonição que tivera, poderia prejudicar a equipe.

— Nunca vi ninguém cair no chão por “nada” — Após tal comentário, Connor adentrara no portal, seguido de Sazael e por fim, Alphonse.