As fabulas do intrépido, capítulo 7 - parte 1

CAPÍTULO 7

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O painel digital do automóvel mostrava que já eram 19:32 da noite. O rádio estava ligado, tocando a música Back In Black. Estavam agora na Buckinghen Gate, passando pela 323, cruzando por fim a A320. O carro parara. Connor levara sua mão destra aos fios que tivera co-ligado para fazer uma ligação direta. Ambos os três jovens, saíram do carro ao mesmo tempo, como se tivessem ensaiado aquilo. Estavam agora parados, olhando atentamente para os 93 metros de pedra que se erguiam a sua frente. Estavam na Abadia de Westminster, a mais importante de Londres, alias não era para menos, tendo em vista que as coroações monarcas ocorriam naquele âmbito. Cruzaram o caminho ladrilhado por uma grama rasteira, até chegar aos imensos pórticos de aço do cenóbio. Connor já sabia o que tinha de fazer. Olhou para um lado e para o outro, para ter certeza de que ninguém estava vigiando a si e a seus companheiros. Levou sua mão direita ao bolso traseiro de sua calça, retirando de lá uma chave. O objeto era prata, com algumas elevações douradas em sua parte de baixo, sim aquela era uma chave-mestre, mas como Connor a conseguira, não é de suma importância. Sem delongar, Connor levara o item que jazia em sua mão, até a fechadura do cadeado, destrancando-o, em seguida levou a chave até a fechadura que se encontrava entre os portais direito e esquerdo, também a abrindo. O interior da igreja era sem dúvidas, belo. Seu chão era feito um tabuleiro de xadrez. Do solo emergia enormes pilares, que se conectavam ao teto abobadado. Estátuas se espelhavam por todo mosteiro. Sem vacilar, cruzaram os portais centrais da igreja, passando por debaixo de uma pequena ponte abaulada.

— Mas, o que é isto?— Indagara Connor

Todo cenário estava se modificando, entrando em uma penumbra sem fim. Diante a escuridão, imagens horripilantes surgiam. Pessoas estavam sendo esfaceladas, torturadas e marcadas a fogo. O enredo fora encerrado, mostrando uma mulher tendo seu corpo despedaçado por um enorme trem. Ouviam-se gritos de dor. Al se permitiu sorrir, aparentemente sabia o que estava acontecendo naquele momento.

— Foram exorcizar os outros, mas esqueceram de exorcizar a si mesmos. — Proferiu Connor, rindo com o próprio comentário que fizera.

Quanto mais se atreviam a andar pelos corredores, piores iam ficando as imagens; agora estavam assistindo um homem ter seu sexo arrancado a sangue frio e por conseguinte ser morto. O olhar de Sazael era inexpressivo, estava direcionado para frente, como se pudesse enxergar alguma coisa no negrume que parecia não se extinguir. Alphonse ainda tinha uma expressão relaxada em seu rosto lívido.

— Bem, como esperado, não iriam recuar com o filme de terror realista... — Proferiu uma voz ao longe. A escuridão se dissipou. O âmbito voltara a ser iluminado pelo fulgor da lua. Do lado oposto dos mancebos, encontrava-se uma mulher, — mulher esta, com uma beleza sem igual, — parada, com um sorriso debochado em seu rosto.

— Vejam, só se não é Alphonse.

— Ceifeira, você se rebaixando a uma simples guarda?

— Smith paga bem.

Ao ouvir o nome do patriarca dos vampiros, as mãos de Al se cerraram, deixando seus nós brancos, sua carne estremeceu, mas logo se conteve, esboçando um sorriso cínico no canto de sua boca.